4 de julho de 2010

Ingênuo Desespero

    Um jeito meio descompromissado sempre lhe foi peculiar. Um ar engraçado, com timbre simpático. Algo nem tanto singular, embora único, sempre lhe foi característico. Porém, por trás daquela vestimenta informal, de toda aquela malandragem, existia algo sombrio para toda aquela felicidade: a preocupação. Claro que fomentada por sentimentos bons. Uma preocupação produtiva. Algo que vem de berço, preocupação essa que pode-se trazer como sinônimo a palavra carinho. Sim, carinho. 
    O mesmo jeitão despojado, como quem não quer nada, quer sim, saber, principalmente como andam as coisas das pessoas com quem mais se aproximou. Culpou isso à sua criação. Vindo de família digna, responsável, seus pais o instruiram a ter afeto, e amor ao próximo. Mesmo que esse próximo esteja longe, e cada vez mais.  Também não mais querendo viver assim, e continuar com seu jeito conhecido como "foda-se", era incapaz de mantê-lo por muito tempo.
    E assim surgem as consequências. Até então, vive como lhe é mais confortável: se é melhor um tempo para si, ele toma um tempo para si; se é melhor viver algo intensamente, ele o faz. Criando assim laços e vínculos mais fortes com as pessoas com quem convive. Chegando a querer o próprio bem, inferior a quem ele quer  realmente bem. O motivo é singelo, não vem ao caso. Mas esse afeto e esse carinho se tornam vilões, quando esse protagonista sai de cena. A busca por informações cria esperanças, talvez mútua, entre as pessoas. 
    O rapaz de engraçado passa a ser tolo, e se torna uma vítima de seu próprio carinho. Explicando: ele não pode nem chegar perto, não pode mais falar, não pode mais saber como andam as pessoas com quem um dia conviveu.

-Por que?-

Porque simplesmente, ele as faz mal.

    Como viver com esse dilema? O rapaz tenta se esconder ainda mais nesse afogado muito chamado "foda-se". Horrível e sarcástico para quem sempre vai continuar tentando fazer com que o mundo melhore, e que existam pessoas, a partir do que ele pensa, cada vez mais fodas. Provavelmente ele não vai parar, pois espera sempre contribuir coisas positivas para o mundo. Mas ele tinha que ao menos desabafar.