10 de dezembro de 2009

Desconstrução

As vezes fico imaginando coisas como "e se eu morrer agora? Será que alguém vai se lembrar de mim?", um pensamento bobo, ingênuo mas aposto que todo mundo já pensou isso. E mesmo que não tenha pensado sobre morte (por que é a única coisa no mundo que realmente me assusta, não a minha, claro) mas já deve ter parado por alguns segundos indagando sua importância frente aos outros. Claro que terá alguém chorando em seu velório (existem pessoas pagas pra isso) ou alguém nem ligando pro seu enterro, mesmo presente, mas de fato será que álguem vai querer descobrir seus segredos?

Imagino que quando eu morrer, no dia seguinte terá uma fila de hackers aqui em casa pra descobrir minhas senhas e descobrir as coisas que eu escrevo em outro blog particular. Ou não. Imagino também que, talvez, saberão mais de mim no futuro se começarem no presente a imaginar o meu passado.

Outra coisa, o que será que falarão de mim no futuro? É muito fácil falar bem de uma pessoa que morreu, - ME DIGA AGORA, O QUE VC GOSTA EM MIM! - Fará mais importância.

Existe também as coisas que eu deixo, seja no computador ou na internet, pra a minha posteridade. Diversas coisas gravadas no violão, idéias de música, idéias de texto, esboço de ideologias, muitas coisas inacabadas. Quando tiverem em mão, qual proveito será feito? Muitos livros já foram publicados assim, filmes já foram feitos, trabalhos e teses já foram levados pra frente e assim concluídos com êxito grandioso no final (vide Mendel). Tenho um exemplo que sempre lembro, Carmina Burana. Nada mais nada menos que uma obra que foi encontrada em 1803 em um mosteiro em Baviera, Alemanha. Com mais de 300 poesias decoradas com figuras e metáforas. Contextualizando desde o amor ao desejo. Assim Carl Off, um músico influenciador da época teve acesso e fez o arranjo para coral. O efeito hipnótico da trilogia é sentido até hoje.

Assim vc me diz, um burguês "pegou" a obra medieval e revolucionária de monges, e o trouxe para o mundo fazendo assim seu sucesso inigualável para a música, e mais notório de sua vida. Quem o fará por você?

Não espero mais do que posso fazer pelas pessoas. Pois isso pode ferir. Mas esses pensamentos não. Passam toda hora por minha cabeça como todas as milhões ou mesmo (n)lhões de partículas que atravessam nossos corpos a toda hora. A única coisa que me motiva todo dia é saber que faço, ou posso fazer, (certamente todos fazemos) diferença no nosso mundinho. Seja ela silenciosa, efetiva, proporcional ou revolucionária. Mas é isso que fazemos, pois não levaremos nada, só deixaremos, e cabe assim deixar o melhor. Não gostaria de um desfecho clichê mas não tenho escolha senão deixar a clássica frase de Lavoisier "Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma."