30 de setembro de 2009

Dentre muitas coisas...

Li em algum lugar em que não é tão estranho nem louco o costume de falar com animais, e acreditar que eles nos entendem. Confesso que fazia muito quando os tinha por perto. Se eles não respondiam do jeito que eu imaginasse compreender, eu imaginava que eles falavam comigo esperando eu responder de alguma forma que eles pudessem entender. E eu me sentia o burro.

Tantos gestos que respondemos sem sentir, um dedo do meio hereto ao se escutar uma buzina estúpida, um apertão na bunda após grudarem-se as barrigas em meio a uma sintonia, uma careta após uma limonada sem açúcar. E nada de entender meu cachorro abanando o rabo. Bom, se eu não o entendesse, pelo menos tinha algo que nos fazia correr, de um lado para o outro. De dia de sol, de dia de chuva, de dia de noite.

- Oi Nostalgia, nem te vi entrar. Chegou agora? -

- Estava te observando. Eu sempre te observo. -

- Você parece Deus. -

- Eu sou Deus. -

[Silêncio]

Entretanto o que nos unia, era além de uma comunicação verbal (e eu acho que isso é que importa). O olhar era o nosso maestro. Nos refletiamos através de nós mesmos, nosso desejo era mútuo, de nos entender independente de quanto custasse a informação. E isso sempre funcionava. As vezes falo com plantas, e o vento faz com que elas respondam pra mim. Como se fosse um texto impessoal, eu traduzo do jeito que eu quiser e deduzo a mensagem que eu acreditar. Isso custa, caro: imaginação e interpretação.



Está para ser continuado