8 de abril de 2014

Inventando o Vazio Abstrato

Saudade é realmente o sentimento mais urgente que existe.

É também o mais intangível e dilacerante que tive o (des)prazer de experimentar.

Ela surge de fininho, como se nunca tivesse dado as caras e subitamente invade e alaga tudo o que você percebe como consciência.

Grita no presente que o momento não cabe no peito e que nunca pôde caber.

Não tem um começo e também nunca termina.


As vezes saudade é só saudade. É só o sentimento de algo ou alguém ter pertencido ao seu mundo.

As vezes nada pode confortar e muito menos apaziguar a sua breve reprodução.

As vezes sua imensurabilidade dói, e dói sem fim.

As vezes saudade não tem ao certo nenhuma explicação.


Mas uma coisa é de se compreender: ela se baseia sempre na coexistência, ou seja, a "culpa" (dada as proporções) é devidamente nossa.

De toda forma essa "culpa" é reflexo do amor que sempre foi e sempre será atribuído. Isso implica na nossa inegável responsabilidade em nadar meio a esse oceano híbrido de sentimentos.

E tudo isso é simplesmente uma mera invenção. Invenção da representatividade que a emoção é atribuída através de uma simples palavra.

Invenção. Mesmo sentindo.


Afinal o que o que te leva até ela é também o que te traz de volta. O que te afoga de um lado é o que acaba te salvando de outro.

O amor que te faz sentir vivo, até mesmo pelo outro, é o mesmo amor que te imerge e mostra que aquilo que você ama está (e sempre estará) dentro de você.

Acabo por inventar assim esse vazio.
E o preencho com todo amor possível.
Pra me manter mais próximo daquilo que eu nunca quis me afastar.